08 junho 2012

Quando o ponteiro emperra


Efeito platô: quando o ponteiro emperra

Descubra armas poderosas para combater o efeito platô, o maior vilão de todas as dietas, e continuar a emagrecer.

Por Carlos Amoedo
Garota
Efeito platô

Chega uma hora em que todos os esforços para emagrecer são em vão. É nesse momento que a luta contra os quilinhos indesejáveis se torna mais acirrada. Conheça duas armas infalíveis para combater o efeito platô, o maior vilão de todas as dietas.
Preparada para a luta? Na guerra contra a gordura teimosa (e tão valente quanto você), não vai ter moleza. O inimigo é tinhoso e poderoso. A tentação da cervejinha do sábado? A indisposição de sair de casa e encarar a academia em uma noite fria? Não! O grande vilão na luta para perder peso é o seu próprio corpo. Às vezes, ele faz de tudo para dificultar seu sucesso. E, quando você estiver próxima de vencer a batalha, o danado pode sacar sua mais potente arma: o efeito platô.
Por mais que você siga todas as regras para emagrecer, testadas e aprovadas pela ciência, em um determinado momento seu peso pode se estabilizar. Não adianta diminuir ainda mais o prato pois seu organismo aprendeu a viver bem com as calorias fornecidas no período da dieta e armazenou gordura suficiente para mantê-lo funcionando. Também não vale malhar em dobro. "Os estudos mostram que o platô pode acontecer em vários momentos durante o processo de emagrecimento", diz Márcio Mancini, endocrinologista e presidente da Associação Brasileira para os Estudos da Obesidade.
A saída para enfrentar cada episódio é criar uma estratégia diferente a fim de ludibriar o organismo. Nessa luta, vale jogar com algumas armas, combinadas ou não, como dieta, exercício e até medicamentos na tentativa de vencer a resistência do corpo ao emagrecimento. Por isso, é necessário que o processo seja bem orientado por um especialista.
Uma das causas do problema é a genética implacável que nos programou para enfrentar a fome. O lado bom da história é que você nunca corre o risco de cair dura logo de cara, caso fique perdida em uma ilha deserta, sem nada para comer. "Ao longo da história, houve mais falta do que abundância de alimentos. Assim, nosso organismo aprendeu a estocar gordura ao perceber que a oferta de calorias é escassa", diz Thiago Volpi, clínico-geral e nutrólogo de São Paulo.

Hormônio que engorda

Nesse boicote corporal contra a perda de peso existem vários hormônios que atuam sobre o metabolismo (processo da transformação das calorias em energia) e que defendem bravamente o organismo das privações. O principal deles é a leptina, produzida principalmente pelo tecido gorduroso. Como ela tem o poder de estimular no cérebro a sensação de saciedade, compromete o resultado da dieta caso deixe de atuar.
Com a redução dos estoques de gordura e, consequentemente, com a baixa produção de leptina, capaz de interromper a comilança, a tendência é que você esteja sempre disposta a atacar brigadeiros, trufas e afins. Resultado: além de não emagrecer mais, pode recuperar os quilos perdidos. "O corpo sabe como interromper a queima de gordura e não faz nada para impedir o armazenamento da mesma", diz Thiago Volpi. Como vencer esse desafio? Persistindo na dieta. Com o tempo, o organismo se acostuma com os níveis de leptina mais baixos e volta a dar sinais de saciedade mesmo que você coma moderadamente.

Para turbinar a malhação

O exercício também anda conspirando e não faz mais maravilhas pelo seu corpo? Você se acostumou ao estímulo a que vinha sendo submetida. O lado bom é que seus músculos responderam bem à malhação e pedem mais carga. O ponto negativo é que, se você não mudar o programa, os resultados param por aí. "O corpo se acostuma a qualquer tipo de movimento ou estímulo, por mais que você se esforce. Assim, é necessário criar alternativas para que a atividade física continue provocando mudanças positivas no seu visual", diz Gustavo Pasqualotto, personal trainer da Performance com Saúde.
Isso não significa, necessariamente, trocar a musculação pela localizada ou aposentar a esteira e aderir ao body combat. Às vezes, basta fazer mudanças sutis naquele exercício (ou treino) que você tanto gosta. "Diminuir o tempo de descanso entre as séries, aumentar o peso, intercalar um exercício de pernas com uma sequência para costas ou, ainda, aumentar a inclinação da esteira. Na verdade, qualquer alteração ajuda a estimular o organismo", diz Guilherme Arnone, professor de musculação da academia Cia. Athletica, em São Paulo.

Tiros certeiros contra o platô

1. Músculos mais definidos

A perda desenfreada de massa muscular, geralmente provocada por dietas que fazem você emagrecer muito num curto espaço de tempo, também pode abrir as portas para o efeito platô. Se vários quilos de músculo forem embora junto com a gordura, o metabolismo fica lento. Entre 60% e 70% das calorias utilizadas pelo organismo servem para seu próprio funcionamento, mesmo que você não faça qualquer esforço físico. E esse gasto inclui manter e sustentar a massa muscular.
Geralmente, quando a perda de peso ultrapassa 1 quilo por semana, é provável que o organismo vá buscar energia nos músculos, o que faz com que eles percam volume. Portanto, uma boa estratégia contra o efeito platô é preservar a massa muscular. Melhor: procure incrementá-la. Junto com a dieta, faça musculação ou ginástica localizada com carga. "Quanto maior a massa magra, mais calorias o corpo utiliza espontaneamente", diz Paulo Muzy, ortopedista, especialista em fisiologia e biomecânica aplicadas ao exercício, da assessoria em atividade física Performance com Saúde, em São Paulo.

2. Proteína magra carboidrato do bem
Outra saída é programar bem a dieta. Não adianta só reduzir carboidrato - nós precisamos desse nutriente para queimar as gordurinhas estocadas. Segundo Alessandra Caviglia, nutricionista da academia Cia. Athletica, em São Paulo, as proteínas de alto valor biológico (com todos os aminoácidos essenciais) encontradas nas carnes magras e os carboidratos de baixa carga glicêmica como massas e pães integrais são grandes aliados contra o efeito platô. "As proteínas garantem a construção dos músculos e os carboidratos integrais, que demoram mais para ser absorvidos pelo organismo, mantêm o metabolismo acelerado", explica.
Mas, se, ainda assim, a balança emperrar no meio da dieta, não desista. Alguns estudos mostram que para cada quilo perdido você deve estabilizar o peso por um mês. E, só então, seguir adiante no projeto corpo magro. Como funciona: se você perdeu 10 quilos e parou aí, tente permanecer do jeito que está por dez meses. Assim, também aumenta a chance de não recuperar os quilinhos exterminados, evitando outro vilão: o efeito sanfona. Por isso, não se engane, por mais bacana que seja a dieta ou o programa de exercício, nada é mais eficiente contra o efeito platô que a força de vontade. "Um dos maiores obstáculos para emagrecer é o descuido na alimentação quando os resultados deixam de ser tão significativos. Mas, se você não se abater pelo desânimo, conseguir estabilizar o peso e ter paciência antes de subir o próximo degrau, mantendo a dieta equilibrada e o programa de exercícios, o sucesso é mais provável", diz Márcio Mancini.

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